Jovan Kirovski nasceu numa cidade chamada Escondido, lá para os lados da Califórnia. Em jeito de premonição, esconder-se estava-lhe no sangue. Já o futebol parecia coagular-lhe as artérias… mas a América é a terra das bizarrias e o Tio Sam não se importou muito que Kirovski se dedicasse ao soccer, essa excentricidade enfadonha tão querida dos europeus: pelo menos onze tipos naqueles 50 estados teriam que o fazer.
Quis o destino que Kirovski viesse para Portugal e que homenageasse a sua cidade natal durante a sua estadia. E Kirovski levou esta homenagem muito a peito.
No início da época 2000/2001, Augusto Inácio, movido por uma aparente ingenuidade, quis alegrar o ambiente e promoveu umas brincadeiritas aqui e ali. Deu uns hula hoops para o Horvath praticar a sua agilidade de dentes, jogou à macaca com o Mbo Mpenza, definiu um programa específico de "mata-caldo" para o César Prates e, para um exercício colectivo, tapou os olhos e contou até 100.
Ui!, o que foi ele fazer… Mister Inácio mal sabia com quem se estava a meter. Foi como dar uns pitons afiados ao Bruno “El Codo de Hierro” Alves. Kirovski esfregou as mãos, satisfeito por poder demonstrar toda a sua valia técnica.
Um a um, os jogadores foram aparecendo. Bruno Caires foi o primeiro, pois nem conseguiu sair da frente de Inácio. Acosta, a contas com a sua ciática, também não demorou muito. E eles iam aparecendo, inclusivamente Mahon e Babb, apanhados dois meses depois no Irish Pub do Cais do Sodré, e Toñito, que afinal esteve sempre escondido debaixo de um pino no campo de treinos. Mas de Kirovski… nem sinal.
O americano não desarmava. Inácio contratou Hugo, ainda com uma réstia de cabelo a preencher o cocuruto, para tentar encontrar Kirovski com a sua impressionante habilidade de desarme… mas sem resultados. Hugo desmoralizou-se de tal forma que entrou numa espiral depressiva galopante, acabando como todos nós sabemos. Mário Cáceres, entretanto, enviou um postal do Chile onde se lia “rebenta a bolha!”, clamando pelo fim da brincadeira que julgava ferida de legalidade, mas Inácio não acatou a solicitação do chileno e considerou que Cáceres fez batota. A busca prosseguiu.
No auge do desespero, Inácio encheu Alvalade de hambúrgueres e coca-colas a ver ser Kirovski dava parte de fraco. Debalde. Spehar, com muita fome de golos e de fast-food em geral, enfardou todos esses iscos e com isso ganhou, para além de uma azia brutal, um free-pass para a bancada de Alvalade.
Por fim, Inácio desistiu. Manuel Fernandes, o homem que muitos sarilhos provocou a 14 de Dezembro de 1986, entrou em funções e estabeleceu como ponto de honra encontrar o esquivo Kirovski.
Até que um dia, Manuel Fernandes e todo o grupo de trabalho distraíram-se com uma soberba execução técnica de Bino, que, de tão excelsa e inusitada, até levantou os cabelos dourados de Edmilson Pimenta. Aproveitando o deslumbramento geral, Kirovski, saído de nenhures, correu lesto até ao local de contagem e proclamou heroicamente:
- One, two, three, Kirovski saves all!!!
Faltavam apenas 2 dias para terminar a época. O plantel não se sentiu particularmente salvo e Delfim até já tinha perdido um ligamento cruzado, dois meniscos e meio tendão de Aquiles. Foi uma vitória de Pirro, com sabor agridoce.
Manuel Fernandes, porém, admitiu a derrota.
- Parabéns, Jovan, ganhaste. Mas nós queríamos mesmo que tu tivesses jogado algum futebol.
- Soccer? What the hell? Wasn’t this supposed to be a season-long hide-and-seek game?
- Por acaso não era, Jovan. Estás a ver aquele avião ali? É um low-cost que vai para a Inglaterra. Queres tentar a tua sorte por lá?
- Do I have a choice?
- Não. E leva o Mahon contigo.
Kirovski, com emoções cruzadas, pegou na sacola e lá foi tentar exibir as suas qualidades Copperfieldianas para a Velha Albion. No Crystal Palace até jogou algum futebol, mas seria em Birmingham que se dedicaria novamente à arte da ocultação pessoal. Com um sucesso retumbante, diga-se. Quando o vislumbraram, já Kirovski cruzara o oceano, rumo à sua terra prometida.
As saudades falavam mais alto, sentia falta das grandes pick-ups e do saudável odor a gordura frita. Abalou para o celestial LA Galaxy, onde a carreira de futebolista propriamente dito descolou, qual foguetão. Porém, o fuel faltou ao fim de pouco tempo, os genes acabaram por falar mais alto: a passagem por Colorado foi Rapid(a) e em San Jose nem vários Earthquakes o permitiram encontrar. Resultado: o regresso à galáxia de LA, onde uma profunda melancolia pelo facto de Abel Xavier já não estar presente poderá afectar as suas capacidades. Quaisquer que estas sejam.
Avançado exótico ou o homem que mais jus faz ao nome da sua terra natal, você decide.
Quis o destino que Kirovski viesse para Portugal e que homenageasse a sua cidade natal durante a sua estadia. E Kirovski levou esta homenagem muito a peito.
No início da época 2000/2001, Augusto Inácio, movido por uma aparente ingenuidade, quis alegrar o ambiente e promoveu umas brincadeiritas aqui e ali. Deu uns hula hoops para o Horvath praticar a sua agilidade de dentes, jogou à macaca com o Mbo Mpenza, definiu um programa específico de "mata-caldo" para o César Prates e, para um exercício colectivo, tapou os olhos e contou até 100.
Ui!, o que foi ele fazer… Mister Inácio mal sabia com quem se estava a meter. Foi como dar uns pitons afiados ao Bruno “El Codo de Hierro” Alves. Kirovski esfregou as mãos, satisfeito por poder demonstrar toda a sua valia técnica.
Um a um, os jogadores foram aparecendo. Bruno Caires foi o primeiro, pois nem conseguiu sair da frente de Inácio. Acosta, a contas com a sua ciática, também não demorou muito. E eles iam aparecendo, inclusivamente Mahon e Babb, apanhados dois meses depois no Irish Pub do Cais do Sodré, e Toñito, que afinal esteve sempre escondido debaixo de um pino no campo de treinos. Mas de Kirovski… nem sinal.
O americano não desarmava. Inácio contratou Hugo, ainda com uma réstia de cabelo a preencher o cocuruto, para tentar encontrar Kirovski com a sua impressionante habilidade de desarme… mas sem resultados. Hugo desmoralizou-se de tal forma que entrou numa espiral depressiva galopante, acabando como todos nós sabemos. Mário Cáceres, entretanto, enviou um postal do Chile onde se lia “rebenta a bolha!”, clamando pelo fim da brincadeira que julgava ferida de legalidade, mas Inácio não acatou a solicitação do chileno e considerou que Cáceres fez batota. A busca prosseguiu.
No auge do desespero, Inácio encheu Alvalade de hambúrgueres e coca-colas a ver ser Kirovski dava parte de fraco. Debalde. Spehar, com muita fome de golos e de fast-food em geral, enfardou todos esses iscos e com isso ganhou, para além de uma azia brutal, um free-pass para a bancada de Alvalade.
Por fim, Inácio desistiu. Manuel Fernandes, o homem que muitos sarilhos provocou a 14 de Dezembro de 1986, entrou em funções e estabeleceu como ponto de honra encontrar o esquivo Kirovski.
Até que um dia, Manuel Fernandes e todo o grupo de trabalho distraíram-se com uma soberba execução técnica de Bino, que, de tão excelsa e inusitada, até levantou os cabelos dourados de Edmilson Pimenta. Aproveitando o deslumbramento geral, Kirovski, saído de nenhures, correu lesto até ao local de contagem e proclamou heroicamente:
- One, two, three, Kirovski saves all!!!
Faltavam apenas 2 dias para terminar a época. O plantel não se sentiu particularmente salvo e Delfim até já tinha perdido um ligamento cruzado, dois meniscos e meio tendão de Aquiles. Foi uma vitória de Pirro, com sabor agridoce.
Manuel Fernandes, porém, admitiu a derrota.
- Parabéns, Jovan, ganhaste. Mas nós queríamos mesmo que tu tivesses jogado algum futebol.
- Soccer? What the hell? Wasn’t this supposed to be a season-long hide-and-seek game?
- Por acaso não era, Jovan. Estás a ver aquele avião ali? É um low-cost que vai para a Inglaterra. Queres tentar a tua sorte por lá?
- Do I have a choice?
- Não. E leva o Mahon contigo.
Kirovski, com emoções cruzadas, pegou na sacola e lá foi tentar exibir as suas qualidades Copperfieldianas para a Velha Albion. No Crystal Palace até jogou algum futebol, mas seria em Birmingham que se dedicaria novamente à arte da ocultação pessoal. Com um sucesso retumbante, diga-se. Quando o vislumbraram, já Kirovski cruzara o oceano, rumo à sua terra prometida.
As saudades falavam mais alto, sentia falta das grandes pick-ups e do saudável odor a gordura frita. Abalou para o celestial LA Galaxy, onde a carreira de futebolista propriamente dito descolou, qual foguetão. Porém, o fuel faltou ao fim de pouco tempo, os genes acabaram por falar mais alto: a passagem por Colorado foi Rapid(a) e em San Jose nem vários Earthquakes o permitiram encontrar. Resultado: o regresso à galáxia de LA, onde uma profunda melancolia pelo facto de Abel Xavier já não estar presente poderá afectar as suas capacidades. Quaisquer que estas sejam.
Avançado exótico ou o homem que mais jus faz ao nome da sua terra natal, você decide.
5 comentários:
Kirovski e Mahon foram realmente duas grandes vedetas a passar por cá
O SCP de início de Século é um filão cromático a explorar. Alan Mahon, Phil Babb, Kirovski...bom demais. E isto é apenas a ponta do iceberg.
A propósito de Phil Babb(ou Bébe na pronuncia..), penso k o Phil bebia mesmo eheh..e não era pouco. Ora aí está uma dica ;) Binyas pra todos !
Acho que o Grimi ouviu falar no lendário Babb e decidiu ficar na história do clube também...
A mim o que me custa nem é o meu irmão ainda hoje dizer que gostava do Kirovski...é que eu nem posso dizer se gostava ou não, porque nunca deu para o ver jogar!!! O mesmo digo do Kmet e do Mahon...chuif, chuif...
Mahon e nome de cerveja espanhola.
O Chalana bem que quis uma dupla Mahon e Bock na frente de ataque do Benfica, mas o Justiceiro nao quis dispensar o Mantorras e alem disso o Fonseca ainda brilhava nessa altura
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